Uma Mente Transcendental Para Um Cargo Barato

Artigo apresenta os desafios de um profissional de comunicação no momento de conquistar uma boa vaga no mercado de trabalho
artigo escrito por Patric Pablo Cardoso

Conseguir um emprego na área de comunicação tem sido um abuso por muitos candidatos. Há aqueles que se queixam dos requisitos absurdos que as agências exigem de formandos. Em um momento delicado no mercado brasileiro, a taxa de desemprego beira 12% segundo o grupo financeiro Goldman Sachs no último novembro. 

Em um contexto em que agências de publicidade estão integrando seus departamentos, os profissionais têm sido tratados de forma trivial, suas aptidões não são valorizadas e lhes são exigidos qualificações que ultrapassam o perfil do cargo para o qual estão se candidatando. É importante ressaltar que há uma diferença entre exigir qualidade e demandar quantidade, se no passado as agências se concentravam em uma única tarefa por vez, hoje trabalham com a integração de cada área de atuação devido ao avanço tecnológico e técnicas de comunicação. Dessa forma, em uma sociedade mais conectada, as necessidades de comunicação também se tornam mais interligadas. No entanto, deve-se traçar uma margem de segurança para que os profissionais do mercado não tenham sua profissão desvalorizada. Discernimento e sensatez é essencial para quando publicar uma vaga de emprego. Os candidatos precisam ter competência naquilo que sabem fazer, porém, não precisam dominar outras habilidades já que não serão de sua função. Novamente acentuo que ter noção de outras habilidades é fundamental para esse contexto das agências de publicidade, mas não se pode exigir maestria no que não for de sua atuação.

Para ilustrar este cenário pode-se ter como exemplo vagas que exigem experiência previa de dois ou três anos, fluência em um segundo idioma, cursos extracurriculares e até mesmo intercâmbio considerando uma remuneração de R$1000,00. Qualquer estudante de baixa renda dificilmente irá se enquadrar neste perfil. É neste momento que a desmotivação bate a porta de muitos e a indignação para com o mercado se torna cada vez maior. É preciso acabar com essa naturalização do profissional multitasking, ou seja, realizar várias tarefas ao mesmo tempo, afinal, atividades tão distintas vão exigir um esforço cognitivo diferente e maior, logo, há mais desgaste no trabalho do cérebro, no entanto, quando se foca em uma tarefa por vez, a produtividade aumenta, a criatividade se expande e o foco passa a ser na qualidade. 

O que fica evidenciado é que muitos estudantes saem desesperados em busca de um estágio, pois julgam ser incrível o ambiente romantizado da agência de publicidade - um lugar onde existem salas para pensar, com decoração informal, mesa de ping pong e frigobar - quando na verdade isto é um estímulo efêmero para o tempo extra que vão permanecer no trabalho. É como muitos dizem "você sabe que horas entra, mas não sabe quando sai". Nesta mesma equação existe o mecanismo de recompensa em que há uma relação de troca: você fornece seus serviços e recebe um estímulo positivo no final do mês, este estímulo é quantitativo e te ajuda a pagar as contas. Dentro dessa equação, é preciso mudar a mentalidade das agências que pouco monitoram a satisfação de seus funcionários, a longo-prazo, esse acompanhamento ficará cada vez mais desenvolvido visto que atualmente também é exigido uma postura por parte do empregador.

Não se pode fazer o possível certo por meios impróprios. Enriquecer funções e sobrecarregar funcionários só faz criar um profissional que muito faz, mas pouco produz. Portanto, é essencial trabalhar com a linha do bom senso para ter discernimento ao exigir determinadas qualificações à alguém, ao mesmo tempo em que aquilo que a pessoa não tem domínio pode ser trabalhado dentro da própria empresa quando a mesma oferece aos seus empregados recursos pertinentes para que possam desenvolver outras aptidões que ainda não dominam.

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