A história da VARIG: o voo que marcou gerações
Durante décadas, a sigla VARIG — Viação Aérea Rio-Grandense — foi sinônimo de elegância, pioneirismo e orgulho nacional. Sua trajetória está intimamente ligada ao desenvolvimento da aviação comercial no Brasil e ao imaginário de um país que sonhava alto. Dos seus primeiros voos no sul do Brasil até sua consagração internacional, e posteriormente à sua turbulenta queda, a história da VARIG é rica, complexa e cheia de nuances que merecem ser contadas.
Asas que nasceram no sul do Brasil
A VARIG foi fundada em 7 de maio de 1927, na cidade de Porto Alegre (RS), por um grupo de empresários liderados por Otto Ernst Meyer-Labastille, um alemão naturalizado brasileiro que via na aviação um instrumento de progresso. A companhia nasceu como uma sociedade anônima com apoio da Condor Syndikat, empresa alemã que ofereceu o know-how necessário para os primeiros voos.
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Primeiro avião comercial brasileiro - Varig |
Seu voo inaugural aconteceu em 22 de junho de 1927, entre Porto Alegre e Rio Grande, utilizando um hidroavião Dornier Wal. No começo, a VARIG operava apenas rotas regionais, mas logo expandiu seus horizontes, transportando passageiros, cargas e até correspondências — o que, na época, era uma novidade que acelerava a comunicação no país.
Um símbolo de modernidade e elegância
A década de 1950 marcou o início da era de ouro da VARIG. Com a aquisição da Real Aerovias e da Cruzeiro do Sul nos anos seguintes, a companhia cresceu exponencialmente. Nesse período, a empresa tornou-se a principal companhia aérea brasileira e conquistou rotas internacionais estratégicas, como Nova York, Lisboa, Frankfurt e Tóquio.
Os aviões da VARIG eram sinônimos de conforto e tecnologia de ponta. A companhia foi a primeira da América Latina a operar com jatos Boeing 707, consolidando sua imagem moderna. Seus comissários, treinados com rigor e elegância, falavam diversos idiomas e ofereciam um serviço de bordo de alto padrão — com direito a talheres de metal, toalhas de linho e cardápios assinados por chefs renomados.
Curiosidade: durante muito tempo, voar pela VARIG era mais do que uma viagem — era um evento social. A companhia chegou a oferecer cursos de “etiqueta a bordo” para seus passageiros de primeira classe!
A marca do Brasil nos céus do mundo
Nos anos 1970 e 1980, a VARIG representava o Brasil no cenário global. Era a empresa oficial responsável pelo transporte de autoridades brasileiras em visitas diplomáticas e foi patrocinadora de eventos esportivos e culturais. Não era raro ver propagandas da companhia em aeroportos internacionais com o slogan “VARIG, VARIG, VARIG” entoado em jingle marcante — que até hoje vive na memória afetiva de muitos brasileiros.
A frota era moderna, com modelos como o Boeing 747 e o Douglas DC-10, que colocavam a empresa no mesmo patamar das maiores do mundo. A VARIG transportava milhões de passageiros por ano e era símbolo de confiabilidade.
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Boeing 767-200 na Varig |
As turbulências começaram cedo
Apesar do prestígio, os primeiros sinais de instabilidade surgiram nos anos 1990. A abertura do mercado aéreo e a desregulamentação do setor provocaram uma concorrência acirrada, principalmente com o surgimento de companhias com estruturas mais leves e bilhetes mais baratos, como a TAM e a GOL.
A VARIG, com um modelo de gestão mais engessado, estrutura inchada e dívidas crescentes, teve dificuldades para se adaptar ao novo cenário. Diversas tentativas de reestruturação não foram suficientes para salvar a companhia. Em 2005, ela entrou em processo de recuperação judicial. Um ano depois, suas operações foram desmembradas, e parte da empresa foi comprada pela GOL Linhas Aéreas.
O fim de uma era
A última operação da “nova” VARIG aconteceu em 2006. Em meio a uma complexa disputa judicial entre credores, sindicatos e novos acionistas, a marca perdeu força, e o que sobrou da companhia foi absorvido de forma definitiva. O nome VARIG, tão presente nos lares brasileiros por gerações, aos poucos desapareceu das passagens aéreas, outdoors e comerciais de televisão.
Curiosidade: em seus anos de apogeu, a VARIG chegou a ter mais de 100 aeronaves na frota e quase 30 mil funcionários — muitos deles fizeram carreira de décadas dentro da empresa, que era considerada uma “família” pelos veteranos.
O legado que voa na memória
Ainda hoje, muitos brasileiros nutrem um carinho especial pela VARIG. A empresa não foi apenas uma companhia aérea — ela representou o sonho da aviação, o orgulho nacional e uma era em que voar tinha glamour. Suas propagandas são documentos históricos valiosos que mostram como a marca evoluiu, como o Brasil se via no mundo e como a comunicação publicitária dialogava com o imaginário popular.
No site Propagandas Históricas, você pode encontrar uma seleção especial de anúncios e comerciais da VARIG — peças que ajudam a compreender não apenas a trajetória da empresa, mas também as transformações da publicidade brasileira ao longo do século XX.
Seja você um entusiasta da aviação ou um nostálgico dos tempos de ouro da publicidade, revisitar a história da VARIG é uma viagem que vale cada minuto. Afinal, como diziam os jingles: voar VARIG era voar com orgulho.